Região Metropolitana de Curitiba
A Região Metropolitana de Curitiba foi criada pela Lei Complementar Federal n.º 14, de 8 de junho de 1973, quando 14 municípios integravam a região. A RMC foi expandida ao longo dos anos, de acordo com o desmembramento dos municípios metropolitanos e aumento populacional e, atualmente, 29 cidades compõem a área.
O projeto Patrimônio Cultural Edificado da Região Metropolitana de Curitiba contempla as 13 cidades que integravam a RMC e foram abordados no Plano de Preservação do Acervo Cultural da RMC, estudo da COMEC de 1977. O nosso objeto de estudo se transformou nos últimos 40 anos, sendo um dos nossos desafios compreender como esse patrimônio cultural foi sendo incorporado ou, por vezes, rejeitado, na configuração atual dos municípios da RMC.
Dados e imagens: COMEC.
Antigo povoado de Nossa Senhora da Conceição do Cercado, depois conhecido como Timoneira, Almirante Tamandaré teve momentos conturbados politicamente entre 1930 e 1950, nos quais passou a integrar Rio Branco do Sul, Curitiba e, por fim, Colombo, do qual se emancipou em 1947. A partir de 1956, a cidade ganhou o nome de Almirante Tamandaré, em homenagem ao Marquês de Tamandaré, almirante e patrono da Marinha do Brasil. O município possui grande riqueza natural, na qual se estruturam boa parte de suas atividades econômicas e turísticas, impulsionando a preservação ambiental.
A equipe de 1977 pesquisou uma área significativa de Almirante Tamandaré, que também abrangia o território do atual município de Campo Magro. Em 2020 e 2021, a pesquisa de campo perpassou localidades como Marmeleiro, Juruqui, Lamenha Pequena, Taboão, Colônia Gabriela, Tranqueira, Areias, entre outras. A dificuldade com os dados existentes e a complexidade do território nos fizeram retornar duas ou três vezes a cada lugar. Assim, o auxílio da pesquisadora Janice Collodel Costa e da equipe da Prefeitura Municipal, que em alguns momentos percorreram as localidades junto conosco, foi preciso e importante. Se destacam, a preservação do edifício da Biblioteca Harley Clóvis Stocchero (01-001), a batalha familiar para a preservação do Moinho Weigert (01-005) e o emocionante encontro da família Siqueira com as imagens da sua casa antiga (01-025).
A pesquisa de campo constatou a preservação de 51% do inventário de Almirante Tamandaré, contra 32% de demolições, número que pode ser ainda maior, visto que 14% dos imóveis não foram encontrados. 3% permanecem preservados com modificações. O formulário de pesquisa enviado para o Departamento de Cultura do município apontou a existência de imóveis de interesse de preservação por parte da população, como a Capela Nossa Senhora da Luz (Marmeleiro), Piscina dos Padres (Botiatuva), Casa da Família Trevisan (Marmeleiro), Oratório Santo Isidoro (Lamenha Grande), Sociedade Educativa Tanguá e a Antiga Maternidade e Fórum (Centro). O documento também evidenciou a existência de manifestações culturais relevantes, como a Festa do Morango (São Miguel), Baile da Coroa (Colônia Antônio Prado) e Pastel de Varana. Publicada em 2010, a Lei n° 1497 dispõe sobre a preservação do patrimônio natural e cultural de Almirante Tamandaré e a instituição do Conselho Municipal de Cultura, que encontra-se desativado.
No momento da Oficina, realizada em 13 de maio de 2021 (via plataforma virtual), o contato com a Secretaria Municipal de Educação e Cultura e a participação massiva de professores evidenciou o enfoque educacional da preservação do patrimônio cultural, abrangendo temas como a história e a identidade do município frente a um contexto metropolitano que, por vezes, suprime as especificidades. A participação na oficina demonstra que isso tem sido trabalhado de forma ampla, com a proposta de inserir as temáticas no currículo escolar de maneira efetiva.
Abaixo, as fichas e fotografias dos imóveis inventariados em Almirante Tamandaré pelo PPAC-RMC (1977):
Inicialmente foi conhecida como Tindiquera, devido a uma grande tribo indígena que ali vivia. Atrativa por ser uma região de campos e matas em que predominavam a Araucária e a Imbuia, teve parte do seu território doado como sesmaria em 1668, dando início a ocupação com fins de cultivo da terra e criação de gado. A partir de 1870, a região recebeu grande contingente de imigrantes europeus, sendo primeiramente os poloneses e depois os alemães, italianos e ucranianos. Araucária foi criada oficialmente em 1890. Desde então, os ciclos econômicos locais passaram pela erva-mate, exploração madeireira, agroindústria, entre outros, sendo atualmente um dos principais pólos industriais do sul do Brasil.
Em 1977, a pesquisa para o inventário abarcou o território completo de Araucária, com destaque para a região central e para a área da Colônia Thomas Coelho, onde se concentravam a maior parte das casas de tronco construídas pelos imigrantes poloneses e seus descendentes. Em 2019, percorremos também as áreas de Guajuvira, Tietê, Campo Redondo, Roça Nova, Colônia Ipiranga e Colônia Cristina na busca dos edifícios registrados em 1977. A partir dos dados existentes, a grande dificuldade da pesquisa se deu pelo contexto de mudanças drásticas decorrente da implantação da Represa do Passaúna, com perdas de tecido urbano e, consequentemente, das edificações inventariadas. Se destacam, a preservação do edifício da Casa da Cultura (02-006), das duas pontes metálicas (02-014) e das edificações do Memorial da Imigração Polonesa (02-026 e 02-027) e a existência de casas de tronco e tábuas de madeira em seus contextos de origem, como as casas das famílias Sperandio/Valentini (02-055), Pirog (02-028), Burda (02-042), Novak (02-043), entre outras.
Em relação ao inventário de 1977, a pesquisa de campo constatou a preservação de 39% dos imóveis e 34% de demolição, inclusive de parte expressiva dos edifícios no entorno da Praça Dr. Vicente Machado. Não foi possível localizar 27% do inventário. Mesmo com a Lei n° 2970/2016, que dispõe sobre a política do patrimônio cultural do município e criou o Conselho Municipal do Patrimônio Cultural (COMPAC) e o Fundo Municipal do Patrimônio Cultural de Araucária (FUMPAC), não há ainda imóveis tombados pela municipalidade. O COMPAC reúne-se mensalmente e debate sobre a relevância de outros bens, públicos e particulares.
A Oficina virtual, realizada em 06 de maio de 2021, teve a participação da equipe do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres e dos componentes do COMPAC. Ficou evidente o enfoque da preservação da memória urbana a partir do trabalho consistente e de longo prazo realizado no Arquivo Histórico, com ações de pesquisa, documentação, conservação e difusão de informações. O Conselho, por sua vez, expôs os desafios da implantação efetiva de políticas públicas voltadas para a preservação dos edifícios e dos bens culturais do município.
Abaixo, as fichas e fotografias dos imóveis inventariados em Araucária pelo PPAC-RMC (1977):
O povoamento da região de Balsa Nova começou em 1702, quando a região era conhecida como Tamanduá. Em 1709 foi iniciada a construção da Capela Nossa Senhora do Carmo, mais tarde conhecida como Capela de Nossa Senhora da Conceição do Tamanduá. Com o marco religioso, o povoado cresceu, fomentando o surgimento de outros núcleos no Vale do Iguaçu. A travessia do Rio Iguaçu era um entrave para o sucesso da região. Então, as famílias Alvarenga, Anjos e Chaves construíram uma balsa puxada por canoas que acabou sendo arrastada pelas águas. Em 1891, uma nova balsa surgiu, dessa vez tracionada por correntes. Com o triunfo do empreendimento, a região passou a ser conhecida como Balsa Nova. A partir de 1938, o distrito foi incorporado a Campo Largo e a sua independência só foi alcançada em 1961, com o desmembramento e a fundação do município de Balsa Nova, cujas principais atividades econômicas são a agropecuária e o ecoturismo.
Em 1977, o território de Balsa Nova foi pesquisado com maior concentração dos registros no distrito de São Luiz do Purunã e na localidade do Bugre. Em 2020 e 2021, foi possível revisitar estruturas e edificações importantes preservadas, como a Capela do Tamanduá (03-002) e a Ponte dos Rio dos Papagaios (03-004), tombadas pela legislação estadual. Outras estruturas preservadas que chamaram a atenção foram Estação Ferroviária Afonso Moreira (03-017) e a Capela Santo Antônio (03-013). Surpreendeu o encontro das ruínas da casa sede da Fazenda São Carlos (03-001) e a estrutura da ponte em pedra (03-003).
A pesquisa de campo no município apresentou um índice considerável de demolições, totalizando 48%, contra 48% de imóveis preservados e 4% modificados. No formulário enviado para a gestão municipal a fim de averiguar a existência de legislação, conselho e outras medidas de preservação patrimonial, foi possível constatar que não há nenhuma lei ou grupo oficial de debate sobre o assunto, ainda que existam imóveis reconhecidos pela população como relevantes e a Festa do Milho, realizada há 22 anos, seja uma manifestação cultural de importância na localidade. Há, também, a Capela de Nossa Senhora da Conceição de Tamanduá, de 1730, tombada pelo Governo do Paraná e em processo de tombamento pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Em 25 de novembro de 2021 foi realizada a Oficina virtual conjunta com a participação dos municípios de Balsa Nova, Campina Grande do Sul, Contenda e Mandirituba, devido à dificuldade de contato e participação das gestões desses municípios no decorrer da realização do projeto. A participação de um componente da gestão municipal de Balsa Nova na oficina evidenciou os desafios de estabelecer ações voltadas para a preservação do patrimônio cultural no município, mesmo em um contexto vinculado às ações e atividades de cunho turístico, bastante difundidas na região. A Oficina foi gravada e está disponível no canal Youtube Patrimônio RMC.
Abaixo, as fichas e fotografias dos imóveis inventariados em Balsa Nova pelo PPAC-RMC (1977):
No fim do século XVII um incêndio devastador assolou a região onde hoje se encontra Bocaiúva do Sul, fazendo com que ficasse conhecida como Arraial Queimado. Em 1710, cotas da área foram concedidas em sesmaria a Domingos Fernandes Grosso. A partir de então, foram transferidas, vendidas e herdadas, terminando nas mãos de José Rodrigues Teixeira em 1756. O povoado progrediu, recebendo constantemente novos moradores, motivo pelo qual foi instalada uma capela no Sítio de Arraial Queimado. Em 1870, o local tornou-se freguesia e, já no ano seguinte, foi elevado à categoria de Vila. Em 1876, a Lei Provincial n° 273 definiu o Arraial Queimado como cidade. Nos anos seguintes, a nomenclatura seria alterada para Bocaiúva do Sul, em homenagem a Quintino Ferreiro de Souza Bocaiúva, então governador do Rio de Janeiro. Mais tarde, em 1932, o município foi anexado ao Capivari, sendo emancipado dois anos depois. Entre as atuais atividades econômicas, destacam-se a agropecuária e produção madeireira.
Em 1977 o amplo território de Bocaiúva do Sul foi pouco explorado pela equipe da pesquisa, apenas três edificações foram registradas. Em 2020, foi necessário recorrer ao conhecimento de pessoas da comunidade para encontrar os locais anteriormente pesquisados. Na Secretaria de Educação e Cultura nos indicaram algumas pessoas que conheciam melhor a região de Cabeça d’Anta, onde se encontrava um antigo moinho (04-002). Somente encontramos restos de construção e algumas pedras de mó decorando a casa em frente. A única estrutura que restou da pesquisa de 1977 foi a Torre da Igreja (04-001).
De acordo com dados coletados com a gestão municipal através de formulário de pesquisa, foi apurado que não existe conselho de patrimônio e tampouco uma legislação específica de tombamento, ainda que três bens estejam protegidos por leis próprias de preservação, são eles: uma árvore Tipuana (Lei nº 325/10); a Torre da Igreja, inventariada em 1977 (Lei nº 126/96); e o Prédio da Câmara municipal (Lei nº 170/19). Também existem outros bens relevantes histórica e socialmente reconhecidos pela população, como o Restaurante Broto, o Prédio da Secretaria Municipal de Educação, as Colunas de Pedra que indicam a antiga Estrada para São Paulo e a Capela do Cedrinho. Entre as manifestações culturais mais tradicionais estão as festas campeiras religiosas, que acontecem em diversas localidades.
A Oficina realizada em Bocaiúva do Sul, em 08 de dezembro de 2020, foi a primeira experiência online do projeto Patrimônio RMC. Os contatos já haviam sido feitos e a oficina agendada de forma presencial quando ocorreu a deflagração da pandemia de Covid-19, que impossibilitou a sua realização presencial. O novo formato possibilitou a interação com o público local e com pessoas de outros lugares. Apesar de haver poucas ações relacionadas à preservação do patrimônio cultural e da memória urbana no município, o interesse e o reconhecimento da importância da temática está claro em seu Plano Diretor.
Abaixo, as fichas e fotografias dos imóveis inventariados em Bocaiúva do Sul pelo PPAC-RMC (1977):
A história de Campina Grande começa em 1666, com o surgimento de um povoado no município de Arraial Queimado, atual Bocaiúva do Sul. Em 1873 tornou-se freguesia e, dez anos depois, foi elevada à categoria de vila, tornando-se independente de Arraial Queimado. Nos anos seguintes, o poder executivo foi organizado, sendo constituídas câmara dos vereadores e prefeitura. Em 1939, o município foi extinto e passou a ser um distrito com território em Piraquara e Bocaiúva do Sul. O status de município só foi restituído em 1951, sob o nome de Timbu. Alguns anos depois, por pressão popular, o nome passou a ser Campina Grande do Sul. Nas últimas décadas, a cidade apresentou desenvolvimento urbano acelerado e o surgimento de grandes indústrias, especialmente nos setores alimentício, moveleiro, de metal, plástico e tintas. O Pico Paraná, importante ponto de lazer e turismo de aventura, está localizado no município.
A pesquisa que resultou no inventário produzido em 1977 considerou especialmente a área urbana da cidade, agregando somente algumas edificações nas regiões do Mandaçaia, Taquari e Palmerinha. Grande parte das edificações registradas em 1977 foram demolidas, sendo interessante registrar a emoção de um membro da família Crozetta ao rever as imagens da casa antiga pertencente a seus pais (05-009). Os edifícios preservados são a Igreja de Mandassaia (05-008), uma capela na localidade de Palmirinha (05-011) e o edifício que se tornou a Casa da Cultura (05-001), que foi restaurado em 1978 com participação técnica da equipe da COMEC. Certamente, o restauro foi uma iniciativa decorrente do Plano de Preservação do Acervo Cultural.
Dos demais imóveis inventariados foi possível constatar a existência de 27%. Já a porcentagem de demolição, de 64%, pode ser ainda maior, visto que 9% não foram encontrados na pesquisa de campo. O município não possui legislação e conselho de patrimônio cultural, apesar da realização periódica de eventos culturais e artísticos e da existência de uma série de imóveis de interesse de preservação por parte da população, como as Casas Repinoski e Speranseta, ambas no bairro Araçatuba, o Engenho de Erva Mate Trevisan, em Mandaçaia, a Serraria Dalprá, no Engenho Velho, e o Casarão dos Ferreira, em Imbuial.
Em 25 de novembro de 2021 foi realizada a Oficina virtual conjunta com a participação dos municípios de Balsa Nova, Campina Grande do Sul, Contenda e Mandirituba, devido à dificuldade de contato e participação das gestões desses municípios no decorrer da realização do projeto. Apesar da não participação do município, o contato com os gestores do Departamento de Cultura da Secretaria Municipal de Ação Social, Família e Cultura evidenciou uma preocupação com a memória urbana, visto que as ações municipais e a pequena estrutura do Departamento não são suficientes para abarcar as demandas da preservação do patrimônio cultural. A Oficina foi gravada e está disponível no canal Youtube Patrimônio RMC.
Abaixo, as fichas e fotografias dos imóveis inventariados em Campina Grande do Sul pelo PPAC-RMC (1977):
A história de Campo Largo começou com a concessão de sesmarias no interior da Província do Paraná e, por muito tempo, a região foi conhecida como Freguesia do Tamanduá. A ocupação foi acentuada no início do século XIX, quando o Capitão João Antonio da Costa, proprietário de terras da região, cedeu parte de sua propriedade para aqueles que possuíam interesse em cultivar e se instalar no local. Com o aumento populacional, o Capital doou uma imagem de Nossa Senhora da Piedade para a construção de uma capela, que deu origem à igreja matriz. Ao final do século XIX, Campo Largo se desmembrou de Curitiba e foi elevada à categoria de cidade. Além de abrigar variadas indústrias, o município é conhecido como ‘capital da louça’.
Em 1977, a equipe do PPAC-RMC percorreu intensamente o vasto território de Campo Largo registrando 118 edificações. Em 2021, foram necessários vários dias de pesquisa de campo para revisitar localidades como Ferraria, Bateias, Botiatuva Itaqui, Colônia Mariana, Colônia Antônio Rebouças, Colônia Balbino Cunha (Campina), Bolinete, Colônia Dom Pedro II, Retirinho, Guabiroba, Dom Rodrigo, além de seguir pela Estrada do Cerne até Três Córregos e São Silvestre, quase extremo norte do município. O auxílio do pesquisador autônomo Edson dos Santos Silva foi de grande valia para encontrar vários exemplares. Nesse percurso, ocorreram encontros especiais, dos quais destacamos a família Coelho e sua casa luso-brasileira (06-024); a família Bianco, que preserva o barbaquá (06-079) dos seus antepassados e o mantém em funcionamento; e o encontro com o Sr. João Sarnetzki, citado na ficha de 1977, que permanece preservando a sua casa de madeira com lambrequim.
Mesmo com o intenso trabalho de pesquisa de campo realizado para atualizar o inventário, 14% dos imóveis não foram encontrados. Do restante, 43% foi modificado e os demais preservados. Desde 2014 a cidade conta com um Conselho de Política Cultural e, em 2019, foi criada a Lei n° 3.009 para regulamentar os processos de tombamento municipal para patrimônios culturais materiais e imateriais. Nenhum bem foi tombado até o momento e um grupo de levantamento das manifestações culturais está em fase de implantação. A população local reconhece a importância de diversos imóveis, com destaque para o Casarão dos Chemin, o Museu Histórico do Mate (tombado em nível estadual) e prédios que ocupam hoje função pública, como a Biblioteca e o Museu Histórico Municipal.
A Oficina em Campo Largo foi realizada de modo presencial, em 23 de novembro de 2021, na Casa da Cultura Dr. José Antônio Puppi. A articulação foi muito produtiva e o evento contou com a participação de gestores da área da cultura, vinculada a Secretaria de Esporte, Lazer e Cultura, além de funcionários da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e diversos pesquisadores e interessados. A oficina promoveu um amplo debate sobre as potencialidades e desafios da preservação do patrimônio cultural no município, que consegue promover ações pontuais com relação a essa temática.
Abaixo, as fichas e fotografias dos imóveis inventariados em Campo Largo pelo PPAC-RMC (1977):
Imigrantes italianos, até então estabelecidos em Morretes, na Colônia Nova Itália, receberam 40 lotes urbanos e 40 lotes rurais do Governo Provincial em 1878. Localizados a cerca de 20 quilômetros de Curitiba, os lotes deram origem à Colônia Alfredo Chaves. Nos anos seguintes, novos contingentes de imigrantes chegaram, a maioria italianos, fundando novas colônias. Em 1890, a localidade tornou-se o município de Colombo. Ao longo de sua história, o povo colombense dedicou-se a várias atividades econômicas, sendo a primeira mais significativa a instalação da fábrica de louças de Francisco Busato, em 1880. Nas décadas de 1970 e 80, Colombo foi a cidade com maior taxa de crescimento na Região Metropolitana de Curitiba, quando recebeu milhares de novos residentes, a maioria do interior do Paraná.
Em 1977, a pesquisa no município de Colombo considerou preferencialmente as áreas de entorno da região central e do acesso pela Rodovia da Uva. Colombo foi um dos primeiros municípios a serem visitados pela pesquisa de campo do projeto Patrimônio RMC, contando com o auxílio dos funcionários do Museu Cristóforo Colombo. Dentre os edifícios, destacamos a preservação da Casa Beira Xavier (07-008), tombada pela legislação estadual, da casa da família Guarise (07-004), da Igreja de São Pedro (07-006), na localidade de Capivari, e da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário (07-018), referência grandiosa da área central do município. Das 18 construções inventariadas em 1977, 55% foram encontradas preservadas, 27% demolidas e apenas 5% modificadas. Infelizmente, a pesquisa de campo não conseguiu localizar dois imóveis.
A cidade possui a lei municipal n° 1.285 de 2012, que dispõe sobre a preservação do patrimônio cultural e natural, a criação do Conselho de Cultura e a instituição do fundo municipal de cultura. Porém, até o presente momento, nenhum processo de tombamento foi aberto por meio da citada lei. Há também alguns registros simples, sem respaldo legal, feitos por técnicos que trabalham junto ao departamento de cultura da cidade, que revelam uma série de construções com valor afetivo, cultural e turístico para a cidade, como a Nossa Senhora do Rosário, o Palacete da família Puppi, a Capela do Divino Espírito Santo e outros. Também existem registros de patrimônio imaterial, como o saber fazer do Risoto, considerado o prato típico da cidade, e a língua de imigração Talian (Vêneto), além de celebrações religiosas e o jogo da mora.
A Oficina em Colombo foi um momento valioso do projeto Patrimônio RMC. Realizada em 25 de maio de 2021, em plataforma online, compôs a programação local da 19ª Semana Nacional de Museus. Nesse contexto foi possível reunir um grande público com a participação massiva da comunidade local, mas também de pessoas de outras cidades e estados do Brasil. A articulação com o Departamento de Cultura da Secretaria Municipal de Esporte, Cultura e Lazer e, especialmente, com o Museu Cristóforo Colombo, fomentou um debate importante sobre a valorização do patrimônio cultural local, tanto aqueles de natureza material, quanto imaterial.
Abaixo, as fichas e fotografias dos imóveis inventariados em Colombo pelo PPAC-RMC (1977):
O povoamento da região onde hoje é Contenda começou no século XVIII, quando integrava um trecho do caminho das tropas, que ligava Sorocaba a Viamão, na então Estrada da Mata. Foi com a reestruturação desta estrada, em 1880, motivada pela visita do Imperador Dom Pedro II, que uma colônia foi fundada às margens do Rio Contenda, integrando o território da Lapa. A emancipação veio em 1951 por meio de decreto do então Governador do Paraná Bento Munhoz da Rocha Neto. Atualmente, a região possui forte atuação agrícola, com destaque para a produção de batata.
A pesquisa que resultou no inventário produzido em 1977 percorreu várias regiões do município de Contenda, como a área central, Serrinha, Campestre, Catanduvas, Passo a Passo e Fundo do Mato. Em 2020 e 2021 verificamos que muitas edificações registradas foram demolidas, porém nos surpreendeu o encontro com diversas famílias que permaneciam no mesmo local e puderam se emocionar com as fotos antigas das casas, especialmente as famílias Turek (08-017), Knapik (08-021), Fiatkovski (08-016), Ferreira (08-010) e Druciak (08-022). Entre as edificações preservadas, destacam-se um antigo moinho (08-002), a Igreja de Sant’Ana (08-013) e a casa paroquial (08-015), na localidade da Serrinha.
Apenas 31% dos imóveis inventariados em 1977 foram preservados, 65% demolidos e 4% não foram encontrados. Ao todo, foram 23 edificações registradas pelo Plano de Preservação do Acervo Cultural da Região Metropolitana de Curitiba em 1977. Não há em Contenda imóveis tombados em âmbito federal, estadual ou municipal. A cidade também não apresenta, até o momento, uma legislação acerca da preservação de seu patrimônio material e imaterial.
Em 25 de novembro de 2021 foi realizada a Oficina conjunta com a participação dos municípios de Balsa Nova, Campina Grande do Sul, Contenda e Mandirituba (via plataforma virtual), devido à dificuldade de contato e participação das gestões desses municípios no decorrer da realização do projeto. Apesar das diversas tentativas, não foi possível estabelecer contato com os gestores de Contenda. A Oficina foi gravada e está disponível no canal Youtube Patrimônio RMC.
Abaixo, as fichas e fotografias dos imóveis inventariados em Contenda pelo PPAC-RMC (1977):
A Vila de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais foi fundada em 29 de março de 1693, pelo capitão-povoador Matheus Martins Leme, que promoveu a eleição para a Câmara de Vereadores e a instalação da Vila, como exigiam as Ordenações Portuguesas. O nome Curitiba só foi adotado em 1721, por orientações do ouvidor Raphael Pires Pardinho, que também fez várias recomendações sobre o processo de urbanização do local, favorecendo um crescimento organizado e com certa harmonia em relação aos recursos naturais locais. Curitiba é uma palavra de origem Guarani, kur yt yba, que significa “grande quantidade de pinheiros, pinheiral”. O advento do tropeirismo foi o ponto de mudança econômica para a capital da província do Paraná, que a partir de 1812 registrou grande crescimento populacional e econômico.
A emancipação política de São Paulo ocorreu em 1853, quando a região já era destino de imigrantes europeus, atraídos pelas propagandas de colonização do Brasil. Outro ponto fundamental para a cidade e o estado foi a inauguração da Estrada de Ferro ligando Curitiba-Paranaguá, em 1885, impulsionando, de vez, o desenvolvimento local. A partir de então, todo o estado recebeu um grande contingente de imigrantes, fato que agigantou e delineou a ocupação territorial de Curitiba e Região Metropolitana, instituída em 1973.
A pesquisa realizada para o PPAC-RMC, em 1977, registrou 363 fichas de inventário, abrangendo um grande território do município, com destaque para a área central, Norte e Oeste. Chama a atenção a ausência de lugares registrados nas porções Leste e Sul. Em Curitiba, a atualização da pesquisa foi realizada em 2016, com 20 dias de pesquisa de campo. Nos bairros afastados do centro, a localização dos imóveis registrados em 1977 foi mais desafiadora, visto que naquela época muitas ruas não existiam, eram estradas que não possuíam nomes, tampouco numerações definidas. Outro fator que chamou a atenção foram as mudanças drásticas a partir da verticalização urbana, da implantação e consolidação de rodovias e contornos e da consolidação dos parques industriais. Em alguns casos, mesmo que as edificações inventariadas em 1977 tenham sido preservadas, seu entorno mudou radicalmente.
Alguns imóveis registrados no inventário de 1977 possuíam duas edificações no mesmo terreno, outros compunham conjuntos de três ou mais edificações. No total, foram computadas 384 edificações envolvidas no processo. Deste total, foi possível constatar a preservação de 74%, enquanto 20% foram demolidos, 5% não foram encontrados e apenas 1% dos imóveis foram modificados.
A grande maioria dos imóveis preservados, total de 281 edificações, integram a política de preservação do patrimônio cultural edificado de Curitiba, sendo cadastrados como Unidades de Interesse de Preservação (UIP) da cidade. Nesse rol, boa parte delas deverá ser protegida pela Lei Ordinária nº 14.794/2016, pelo instrumento do tombamento ou do inventário.
Abaixo, as fichas e fotografias dos imóveis inventariados em Curitiba pelo PPAC-RMC (1977):
Em 1900, durante o período de intenso extrativismo madeireiro no Paraná, a empresa Irmãos Bettega Ltda abriu uma serraria na região conhecida como Fazenda Rio Grande, que pertencia então ao território de São José dos Pinhais. Com a serraria, surgiram as primeiras casas comerciais e uma escola no local, que era conhecido como Estrada de Mandirituba. A partir de 1909, a área tornou-se Distrito de São José dos Pinhais e, em 1960, foi emancipada e elevada à categoria de município. A região é rica em minérios como a areia, cerâmica, saibro e granito e desenvolve atividades agrícolas, com destaque para a produção de camomila.
A pesquisa que resultou no inventário produzido em 1977 percorreu localidades distantes da área central do município. Em 2021, constatamos que a maioria dos edifícios inventariados estão no território que hoje pertence ao município de Fazenda Rio Grande. Das edificações que permaneceram, destacam-se a antiga residência de Ursulina Mendes Sobrinha (10-001), cuja família permanece no local, e a antiga Fazenda Miguel Vale (10-002).
Dos oito imóveis listados como de Mandirituba em 1977, a pesquisa de campo constatou a existência de quatro deles e a demolição dos demais. O município não dispõe de legislações sobre a preservação do seu patrimônio ou mesmo conselho para debater assuntos ligados ao tema. Edificações como a Igreja Histórica de Santo Antônio e o Teatro Municipal são de interesse histórico para a cidade, assim como a preservação de manifestações ligadas ao legado dos imigrantes italianos.
Em 25 de novembro de 2021 foi realizada a Oficina conjunta com a participação dos municípios de Balsa Nova, Campina Grande do Sul, Contenda e Mandirituba (via plataforma virtual), devido à dificuldade de contato e participação das gestões desses municípios no decorrer da realização do projeto. Apesar da não participação do município, o contato com os gestores do Departamento de Cultura da Secretaria Municipal de Educação, Esporte e Cultura evidenciou a preocupação do município em preservar a memória urbana, principalmente no vínculo com as atividades educacionais. A Oficina foi gravada e está disponível no canal Youtube Patrimônio RMC.
Abaixo, as fichas e fotografias dos imóveis inventariados em Mandirituba pelo PPAC-RMC (1977):
O povoamento da região de Piraquara começou com o ciclo do ouro, nos idos de 1700, mas antes disso há registros de que a área era visitada frequentemente por indígenas carijós. A partir de 1731, ficou conhecida como Vila de Piraquara. Foi com a chegada de imigrantes italianos, em 1878, que a região passou a desenvolver, especialmente, atividades agrícolas e pecuárias. Outro fator determinante para a história local foi a criação da Estrada de Ferro Curitiba-Paranaguá, que corta o território de Piraquara. Em 1890, foi instituído o município, então chamado de Deodoro. O nome Piraquara só foi restaurado em 1929. Atualmente, a cidade é uma das grandes responsáveis pelo abastecimento de água de Curitiba, sendo área de proteção ambiental.
Em 1977, a equipe do PPAC-RMC concentrou a pesquisa na área central do município e nas proximidades da linha férrea. Em 2019, encontramos um conjunto edificado preservado, com destaque para dois edifícios tombados pela legislação estadual: a antiga residência da família Tesseroli (11-002) e o edifício da Biblioteca Pública Municipal (11-005). Mais afastado da área urbana, encontra-se o edifício da Igreja de Nossa Senhora da Assunção (11-012), na Colônia Santa Maria do Novo Tirol.
Dos 12 imóveis inventariados, a pesquisa de campo constatou a preservação de 67%, enquanto 25% foram demolidos e os 8% restantes encontram-se modificados. O município dispõe da Lei nº 1.889, criada em 2006 e modificada em 2018, que trata sobre a proteção do patrimônio cultural e foi responsável por criar o Conselho de Patrimônio Cultural, sem grande atuação inicialmente. Reestruturado em 2019, o Conselho vem realizando o registro de patrimônios materiais relevantes para a cidade. A maioria destes imóveis estão localizados na área conhecida como Centro Histórico de Piraquara, mas também há registros como o do patrimônio ferroviário, Conjunto Santa Maria da Nova Tirol, Antigo Leprosário de Piraquara, Complexo do Reservatório do Carvalho e uma série de igrejas e capelas.
Em 2019, as gestoras da Secretaria Municipal de Cultura entraram em contato conosco para conhecer o projeto. O contato se aprofundou e realizamos a primeira oficina do projeto Patrimônio RMC no município, no dia 02 de dezembro de 2019. O evento ocorreu no dia da posse do Conselho Municipal de Patrimônio Cultural, com a presença massiva dos conselheiros e funcionários da Secretaria de Cultura. Foi um momento marcante no qual debatemos as perspectivas de preservação do patrimônio cultural, considerando, além do patrimônio edificado, o enfoque do meio ambiente e do patrimônio imaterial.
Abaixo, as fichas e fotografias dos imóveis inventariados em Piraquara pelo PPAC-RMC (1977):
O povoamento da região de Piraquara começou com o ciclo do ouro, nos idos de 1700, mas antes disso há registros de que a área era visitada frequentemente por indígenas carijós. A partir de 1731, ficou conhecida como Vila de Piraquara. Foi com a chegada de imigrantes italianos, em 1878, que a região passou a desenvolver, especialmente, atividades agrícolas e pecuárias. Outro fator determinante para a história local foi a criação da Estrada de Ferro Curitiba-Paranaguá, que corta o território de Piraquara. Em 1890, foi instituído o município, então chamado de Deodoro. O nome Piraquara só foi restaurado em 1929. Atualmente, a cidade é uma das grandes responsáveis pelo abastecimento de água de Curitiba, sendo área de proteção ambiental.
Em 1977, a equipe do PPAC-RMC concentrou a pesquisa na área central do município e nas proximidades da linha férrea. Em 2019, encontramos um conjunto edificado preservado, com destaque para dois edifícios tombados pela legislação estadual: a antiga residência da família Tesseroli (11-002) e o edifício da Biblioteca Pública Municipal (11-005). Mais afastado da área urbana, encontra-se o edifício da Igreja de Nossa Senhora da Assunção (11-012), na Colônia Santa Maria do Novo Tirol.
Dos 12 imóveis inventariados, a pesquisa de campo constatou a preservação de 67%, enquanto 25% foram demolidos e os 8% restantes encontram-se modificados. O município dispõe da Lei nº 1.889, criada em 2006 e modificada em 2018, que trata sobre a proteção do patrimônio cultural e foi responsável por criar o Conselho de Patrimônio Cultural, sem grande atuação inicialmente. Reestruturado em 2019, o Conselho vem realizando o registro de patrimônios materiais relevantes para a cidade. A maioria destes imóveis estão localizados na área conhecida como Centro Histórico de Piraquara, mas também há registros como o do patrimônio ferroviário, Conjunto Santa Maria da Nova Tirol, Antigo Leprosário de Piraquara, Complexo do Reservatório do Carvalho e uma série de igrejas e capelas.
Em 2019, as gestoras da Secretaria Municipal de Cultura entraram em contato conosco para conhecer o projeto. O contato se aprofundou e realizamos a primeira oficina do projeto Patrimônio RMC no município, no dia 02 de dezembro de 2019. O evento ocorreu no dia da posse do Conselho Municipal de Patrimônio Cultural, com a presença massiva dos conselheiros e funcionários da Secretaria de Cultura. Foi um momento marcante no qual debatemos as perspectivas de preservação do patrimônio cultural, considerando, além do patrimônio edificado, o enfoque do meio ambiente e do patrimônio imaterial.
Abaixo, as fichas e fotografias dos imóveis inventariados em Quatro Barras pelo PPAC-RMC (1977):
A localidade de Rio Branco do Sul começou a ser povoada por mineradores no século XIX, sendo inicialmente conhecida como Votuverava e, mais tarde, Vilarejo de Nossa Senhora do Amparo. Apenas em 1871 a Vila de Nossa Senhora do Amparo de Votuverava tornou-se município. O nome Rio Branco do Sul foi instituído em 1947, em homenagem a José Maria da Silva Paranhos, o Barão do Rio Branco. Localizado no Vale do Ribeira, o município sempre foi reconhecido por suas riquezas minerais e, atualmente, a economia local é centrada na extração do cimento e cal, além de fábricas de minérios.
A pesquisa realizada para o inventário de 1977 abrangeu a área central do município de Rio Branco do Sul, considerando, de maneira pontual, registros nas localidades de Votuverava, Açungui e Curriola. Em 2021, encontramos a maioria das edificações registradas na década de 70 demolidas, das quais cabe evidenciar as ruínas da antiga Capela do Votuverava (13-001), em local no qual se originou a cidade. Dentre as edificações preservadas, se destacam a antiga residência da família Furquim (13-008) e a ponte metálica (13-011), que marca a entrada da cidade.
De um total de onze edificações inventariadas em 1977, apenas três seguem preservadas e uma não foi encontrada, sendo uma casa de moradia rural em Campos das Flores. O município possui a Lei n° 609 de 2003, que dispõe sobre a preservação do Patrimônio Cultural e Natural e criou o Conselho Municipal do Patrimônio Cultural e o Fundo Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural. Há um bem tombado em esfera municipal: o imóvel que abriga atualmente o Museu Barão do Rio Branco e que também já foi sede da prefeitura, câmara de vereadores e fórum. Há, entre a população, o desejo de preservar e proteger o casarão da família Furquim e a Ponte de Ferro, inventariados em 1977.
Em 2021, gestores da Secretaria Municipal de Esporte, Lazer e Cultura entraram em contato conosco para conhecer o projeto. A partir do contato, a Oficina foi programada e realizada no dia 27 de abril de 2021 em formato presencial e virtual. Participantes da administração pública, inclusive a prefeita, e membros do Conselho Municipal de Patrimônio Cultural estiveram presentes na sede da Universidade Aberta do Brasil Professora Rosina Costa de Moraes, ao mesmo tempo que a oficina foi transmitida ao vivo pela página do Facebook da Prefeitura Municipal. Foi um momento marcante, visto que a participação foi massiva e o debate evidenciou que ações comprometidas com a preservação do patrimônio cultural estavam em uma trajetória crescente no município.
Abaixo, as fichas e fotografias dos imóveis inventariados em Rio Branco do Sul pelo PPAC-RMC (1977):
Na segunda metade do século XVII, as expedições de Ébano Pereira registraram o encontro de ouro em rios do primeiro planalto, dando origem ao povoado de Arraial Grande. Menos de cem anos depois, por volta de 1750, quando a região já era conhecida como Freguesia de São José, a exploração do ouro estava praticamente extinta, o que retardou o crescimento econômico e social da região. Em 1897, tornou-se a cidade de São José dos Pinhais, agregando vários distritos. Com a chegada dos imigrantes europeus, entre o final do século XIX e começo do XX, várias colônias foram fundadas na região, trazendo novos modos produtivos para a localidade. Atualmente, é o terceiro pólo automotivo do Brasil e a segunda cidade mais populosa da Região Metropolitana de Curitiba.
Em São José dos Pinhais, a pesquisa realizada em 1977 abrangeu um amplo território do município, com destaque para a área central e para as Colônias Murici, Mergulhão e adjacências. Em 2020 e 2021, a pesquisa de campo proporcionou alguns momentos marcantes, como o encontro com a família Schapieski, no seu antigo moinho (14-009) em Gamelas, e o encontro com a família Tortato, na sua residência (14-011) na Colônia Zacarias. Dentre os edifícios preservados, destacam-se a sede do Museu Municipal Atílio Rocco (14-030), a Casa de Cultura Polonesa Padre Karol Dworaczek (14-022), as casas em tronco de madeira que se transformaram em um restaurante (14-006) e em um café (14-004).
Quarenta e seis edificações foram inventariadas em 1977. Destas, 55% seguem preservadas, 41% demolidas e o restante não foi localizado pela equipe de pesquisa de campo. A cidade dispõe da Lei n° 2.256 de 2013, que possibilitou o tombamento municipal de quinze imóveis e a reestruturação do Conselho Municipal de Patrimônio Cultural (COMPAC), criado inicialmente em 1996. As comunidades locais relatam a necessidade de preservar também, por meio dos instrumentos legais disponíveis, espaços que consideram de importância histórica.
A Oficina em São José dos Pinhais foi realizada em 15 de dezembro de 2020, em formato online. Participaram do evento os gestores do Departamento de Patrimônio Cultural e os membros do Conselho Municipal de Patrimônio Cultural. As ações de preservação do patrimônio edificado já possuem um caminho trilhado no município há um longo tempo, considerando, inclusive, os dados do inventário de 1977. Apesar dessa trajetória, foi possível debater na oficina sobre os desafios da integração da preservação do patrimônio cultural com o planejamento urbano e a abrangência de ações de registro e salvaguarda do patrimônio imaterial.
Abaixo, as fichas e fotografias dos imóveis inventariados em São José dos Pinhais pelo PPAC-RMC (1977):